7 indícios de que o PT e o SPFC precisam se reinventar
Duas agremiações que fazem parte da história do Brasil correm sério risco e o que nós podemos fazer para salvá-las.
Abro este texto/reflexão/provocação com essa máxima popular para dar o tom da conversa que se segue. Afinal, amigo de verdade é aquele que dá o aviso de que você está fazendo merda e quais as consequências imediatas de seus atos. E que futuramente, pode vir acompanhado de um “EU AVISEI”. Ou não, depende do amigo.
É clara e notória, antes de tudo, a preocupação que esse amigo tem com você. Ele não está falando para ter razão, mas pensando no seu bem-estar e na sua longevidade enquanto pessoa.
E isso se aplica também para as instituições.
Sim, conglomerados de pessoas que representam um ideal ou um conjunto deles.
Quem já dividiu conta de cerveja comigo, sabe que existem duas grandíssimas instituições nacionais por quem eu tenho maior apreço e estima e que atendem — aí, talvez, comecem os paralelos — por siglas: SPFC e PT.
São Paulo Futebol Clube e Partido dos Trabalhadores são marcos históricos no grande Medium que é a história do Brasil. E, para minha profunda tristeza, ambos vêm em um processo de derretimento visível a olho nu.
Minha missão aqui é ALERTAR esses dois gigantes e gerar a reflexão necessária para que ambos internalizem essas questões e tomem rumos diferentes dos atuais, antes que sejam rebaixados e se limitem a disputas menores como a Florida Cup ou a prefeitura de São Bernardo.
Nesse momento, seus torcedores mais fanáticos já estarão me xingando, me chamando de clubista e muitos terão abandonado a leitura do texto — compartilhando-o em suas timelines com impropérios e que acabam por dar maior visibilidade ao autor que vociferam contra.
E é por aí que começo a lista de paralelos que pude traçar.
1) Torcidas cegas pelo brilho histórico
“Tu és forte, tu és grande / Dentre os grandes és o primeiro” são versos que ressoam docemente nos ouvidos dos apaixonados por ambas as instituições. E não estão errados! O SPFC no início da década de 90 tinha uma máquina de títulos nacionais e internacionais, batendo de frente com clubes europeus à época. O PT foi um dos principais partidos pós redemocratização do país, com crescimento orgânico avassalador e ligado aos movimentos sindicais.
Isso há 30 anos.
No começo dos anos 2000, ambos tiveram novo brilhante momento, com sequência de novas conquistas nacionais — como o tri do Brasileirão — e internacionais — como a reunião em que Obama chama Lula de THE MAN.
Mas tudo isso já tem mais de 10 anos.
E aí, quando se tece alguma crítica ao momento atual dos dois, sua torcida automaticamente infere que estamos esquecendo dessas conquistas ou tentando apagá-las, quando na verdade, nosso intuito é fazer jus a história que construíram.
As linhas “As tuas glórias / Vêm do passado” nunca soaram tão verdadeiras e inspirado nelas, trago mais um triste tópico.
2) Conquistas interrompidas
Clima tenso. Agressões. Atuação de juiz parcial — o Golpe de 2016 e a final da Sulamericana contra o Tigres guardam similaridades que assustam.
As últimas conquistas de SPFC e PT sofreram com encerramentos prematuros, porém com desfechos diferentes — enquanto o Tricolor, celebraria em 2012, graças à interrupção, seu último título, o PT teria seu mandato impedido antes do segundo tempo. A longo prazo, o resultado para ambos foi desastroso.
O PT vem sofrendo uma forte redução em número de prefeituras desde então e perdeu também as eleições para o Executivo nacional em 2018, ao passo que o SPFC desfruta de uma seca de título que já vai para nove(!) anos.
3) Grandes nomes, grandes dificuldades
O fim da fome e a defesa da falta batida pelo Gerrard marcaram o auge das atuações de grandes nomes do PT e do São Paulo, e que têm sua própria história fundida às instituições que representam tão bem.
Mas tão grande quanto o seu talento, Lula e Ceni compartilham também de grandes egos. Caudilhistas inveterados, os dois sofreram com o dilema de saber a hora de parar e também de permitirem que outros crescessem ao seu redor.
Bosco, Heloisa Helena, Roger, Marina Silva, todos tentaram brilhar dentro de suas equipes mas sempre ficaram à sombra dos dois protagonistas e nunca contaram com o seu real apoio.
Todos esses nomes precisaram trocar de ares para tentar o protagonismo anteriormente negado tanto por Lula quanto por Ceni.
E aqui, preciso desdobrar esse item em um apêndice, tamanho o grau de similaridade e importância.
3.1) A negação do jovem talento
Podemos resumir em duas palavras: Goleiro Denis.
O cara que foi preparado por toda uma vida para assumir papel de destaque assim que a estrela maior da sua equipe se aposentasse — no tempo correto — e que estaria destinado a uma carreira de sucesso.
Corta pro fim da história:
No PT, temos Fernando Haddad. Jovem professor, com militância universitária — a categoria de base da política — e com cargos relevantes em gestões petistas, como Ministro da Educação e um dos maiores responsáveis pela criação do ProUni e pelo avanço do ENEM. Tudo isso, além de ter sido prefeito de uma das maiores metrópoles do planeta.
Tudo isso o credenciava a ser o grande nome do partido nas eleições de 2018, certo?
Infelizmente, a gente sabe no que deu.
3.2) O sucessor encomendado
Os dois expoentes foram buscar fora de suas equipes nomes que pudessem forjar — e controlar — à sua imagem e semelhança.
Lula foi buscar no PDT um nome desconhecido nacionalmente até então e Rogério Ceni viu no Botafogo a chance de moldar o seu sucessor, ignorando todos os nomes que seu time já contava.
Dilma e Sidão foram sucessores que, se em um primeiro momento, encantavam a sua torcida, aos poucos tornaram-se figuras desgastadas e como era previsto, não se firmaram como grandes nomes.
Sim, Sidão também foi parar no Figueirense.
Dessa forma, passaram longe de rivalizar com o tamanho de seus antecessores e aí registro uma dúvida: teria sido desde o primeiro momento, o plano de Luís Inácio e Rogério Ceni?
4) “Saia do PT e ganhe um mandato”
O título acima é apenas uma alusão à grande página “Saia do SPFC e ganhe um título” que surgiu justamente porque sua premissa é uma verdade absoluta. Nomes que por motivo ou outro saíram dessas instituições acabaram se firmando em outras siglas e alcançando vitórias que jamais teriam no PT ou no SPFC.
Entre dezenas de casos, podemos citar Casemiro, volante de talento raro e com potencial a olhos vistos, que era perseguido sistematicamente enquanto atuava pelo clube da Vila Sônia. Não precisou de seis meses para chamar a atenção de Zidane, técnico do Real Madrid, e se tornar peça-chave na equipe merengue e na própria Seleção Brasileira.
No Partido dos Trabalhadores, foram inúmeros os casos de dissidentes ou até mesmo nomes que entraram na lista de dispensa e que tornaram-se relevantes na política nacional após a sua saída. Nomes como Chico Alencar, Ivan Valente, Heloísa Helena, Luciana Genro acabaram por formar o PSOL — uma das bancadas mais combativas do campo progressista. Marta Suplicy foi eleita senadora pelo MDB. Randolfe Rodrigues, também senador, está sempre à frente de grandes comissões parlamentares. Luiza Erundina, Mauro Iasi, Rui Costa Pimenta e por aí vai.
5 ) Cartolas e seus desmandos
É notório que o grande problema destas organizações populares reside em sua cúpula. Envolvidos em enormes escândalos como a contratação de jogadores como Diego Souza, Centurión, Cueva e o volante do rebaixado Vitória que eu nem lembro o nome, além de dar o cargo de treinador a Rogério Ceni e Dorival Jr., o PT não fica tão atrás do SPFC quando olhamos os grandes noticiários nacionais.
É claro que aqui, não podemos deixar de citar a grande perseguição que essa instituição sofre, vinda da mídia nacional. A falta de isenção na cobertura dos acontecimentos que a circundam é clara até mesmo pra mim, que discordo em pontuais momentos.
E quando digo isso, obviamente me refiro à MÍDIA CORINTIANA e a FLAPRESS.
6) 6+3+3 = 13
A conta acima está errada, na verdade dá 12, mas esse seria o número de Ciro Gomes e do PDT, então achei melhor evitar.
A referência do título é para lembrar como a comunicação tanto do PT como do SPFC marcaram época. Com o jingle “Lula lá” a campanha de 89 se eternizou na mente do brasileiro e nos leva a memórias de tempos mais esperançosos. “Brasileiro não desiste nunca” e “Deixa o homem trabalhar” são apenas mais alguns exemplos de que o publicitário — e atual presidiário — Duda Mendonça sabia das coisas.
No SPFC, camisas com o 6–3–3 — em referência aos 6 Brasileiros, 3 Libertadores e 3 Mundiais — eram vistas a cada esquina em quase todo o território nacional e materializavam a alegria e orgulho tricolor. Eu mesmo a achava muito bonita. “Soberano” e mais tarde o “Jason” foram campanhas que ecoaram pelas redes sociais da época e eram chistes recorrentes utilizados pelos são-paulinos.
7 ) FUN FACT: meu pai é torcedor do São Paulo Futebol Clube e Petista.
PLAU!
Fim dos paralelos.
Se você chegou até o final do texto, ou você é um torcedor de alguma outra agremiação progressista como PSOL ou Esporte Clube Bahia ou então é um dos tricolores e petistas que ainda podem salvar suas instituições.
Não vamos deixar que parte da nossa história seja apagada com a degradação de instituições como SPFC e PT! Levem a AUTOCRÍTICA para as cabeças pensantes dentro de cada uma delas e vamos juntos, salvá-las. Contem sempre comigo na defesa de ambas. Porque se nada for feito e seguirmos o rumo atual das coisas, o futuro dos nossos gloriosos São Paulo Futebol Clube e Partido dos Trabalhadores é nebuloso e incerto.
Quem avisa, amigo é.